25-10-2019 - Quinta de S. Francisco

Cores de outono na Quinta de S. Francisco

Cores de outono na Quinta de S. Francisco
Se na primavera as cores vivas que observamos se devem às flores, que com as suas cores espampanantes atraem os polinizadores, no outono são as folhas que nos trazem um colorido deslumbrante. Estas folhas coloridas têm origem normalmente em árvores ou arbustos de folha caduca ou caducifólios, que perdem as folhas como resposta à aproximação do inverno e fazem-no sobretudo para evitar a perda de água (que pode não estar acessível, por estar sólida, na forma de gelo ou neve) ou para evitar a destruição dos tecidos foliares pelas geadas. Algumas plantas como as da família Pinaceae e outras resinosas resolveram estes problemas com folhas de pequena dimensão (tipo agulha) que reduzem a área foliar e com cutículas, que impermeabilizam as folhas, minimizando as perdas de água e podendo assim manter folhas todo o ano.

Legenda:
O liquidambar (Liquidambar styraciflua, esquerda) e o tulipeiro-da-Virgínia (Liriodendron tulipifera, direita) mostram as suas cores outonais.
O processo de queda das folhas é desencadeado pelo menor fotoperíodo (duração das horas de luz de um dia), que se torna evidente nas latitudes médias ou elevadas sobretudo no outono. Quando o número de horas de luz, desce abaixo do limite mínimo, diferente para cada espécie, todo o processo de senescência e queda das folhas é acionado. Durante esse processo, o pigmento mais abundante nas folhas, a clorofila, com cor verde, é degradado naturalmente e não é substituído, sendo que muitos outros componentes proteicos das folhas são absorvidos pela planta e armazenados no tronco ou raízes até à primavera seguinte. No entanto, à medida que a planta corta a ligação com as folhas, ficam para trás uma série de outros compostos, que anteriormente se encontravam mascarados pela cor verde. Estes compostos são normalmente as xantofilas, como a zeaxantina, que dá a característica cor amarela ao milho (Zea mays) ou os carotenos, como o β-caroteno, que dá a característica cor alaranjada presente nas cenouras (Daucus carota) ou ainda as antocianinas, com cores mais vibrantes, desde o roxo ao vermelho, presentes em grande quantidade no liquidambar (Liquidambar styraciflua).

Legenda:
O milho (Zea mays) e a cenoura (Daucus carota) são ricas em zeaxantina e β-caroteno, respetivamente (esquerda). Embora de folha perene ou persistente, os eucaliptos vão perdendo as suas folhas regularmente ao longo de todo o ano, com as folhas a adquirir colorações semelhantes às das árvores caducifólias (direita).
Estes compostos normalmente têm funções estruturais, que permitem a absorção de luz, em diferentes comprimentos de onda, não absorvidos pelas clorofilas, sendo que estas apenas absorvem na parte azul e vermelha do espetro visível. Têm também funções fotoprotetoras mediante o ciclo das xantofilas, que dissipa a energia excessiva durante a fotossíntese e ainda funções antioxidantes contribuindo para a redução do stress oxidativo nas células.

Legenda:
Detalhe das folhas de liquidambar (Liquidambar styraciflua) e ácer-prata (Acer saccharinum) à esquerda e carvalho-vermelho-americano (Quercus coccinea) e carvalho-americano (Quercus rubra) à direita. Note-se que as cores roxas que as folhas de liquidambar podem ter, devem-se à presença de grande quantidade de antocianinas.
Independentemente dos processos metabólicos subjacentes, não deixa de ser um espetáculo cromático para quem assiste. Na Quinta de S. Francisco os bosques caducifólios de carvalho-americano (Quercus rubra), bem como outras espécies caducifólias mostram as suas cores de outono. Venha visitar-nos e descubra mais sobre a fantástica diversidade florística da Quinta de S. Francisco.
Se achou este artigo interessante, partilhe-o.