O verdadeiro azevinho (Ilex aquifolium, esquerda) e o falso azevinho (Ruscus aculeatus, direita)
Apesar do azevinho ser muito usado nas decorações natalícias, o seu uso remonta ao paganismo celta, onde era usado como símbolo de imortalidade, devido ao facto das folhas persistirem durante todo o ano, mesmo durante o Inverno. Os romanos incorporaram essas crenças nas suas festas do solstício de inverno (Saturnália), que por sua vez foram incorporados no Natal cristão, onde o azevinho representava também a coroa de espinhos (folhas) e o sangue (bagas) de Jesus.
O falso azevinho (Ruscus aculeatus), também conhecido como gilbardeira ou ainda vasculhos, é um pequeno subarbusto dioico, com cerca de 1 m de altura da família Asparagaceae (anteriormente considerada na família Liliaceae), a mesma dos espargos (Asparagus) e do sisal (Agave). Tem a peculiaridade de possuir folhas membranáceas, caducas, de muito pequena dimensão que facilmente passam despercebidas e uns caules modificados em forma de folha, coriáceos e espinhosos (cladódios), que são frequentemente confundidos com verdadeiras folhas e dos quais surgem as flores e frutos. Os frutos são pequenas bagas que ficam vermelhas quando maduras.
Em Portugal a gilbardeira é bastante comum em todo o território e talvez por isso e pela escassez do verdadeiro azevinho, passou a ser usado nas tradições natalícias em substituição deste.
Ambas as plantas têm no entanto estatutos de proteção, no caso do azevinho devido à sua raridade em território nacional e no caso da gilbardeira devido a sua raridade no território não mediterrânico da União Europeia. O azevinho é protegido pelo Decreto-Lei n.º 423/89, de 4 de dezembro que proíbe, o arranque, o corte total ou de ramos, bem como o transporte e venda de plantas espontâneas. A comercialização de azevinhos produzidos em hortofloricultura requer a credenciação junto do ICNF. A gilbardeira por sua vez é protegida pelo Anexo V da Diretiva Habitats (92/43/CEE), que contempla espécies animais e vegetais de interesse comunitário cuja captura ou colheita na natureza e exploração podem ser objeto de medidas de gestão.
Ilex aquifolium nos jardins da Quinta de S. Francisco, aspeto geral e folhas (em cima). Ruscus aculeatus, aspeto geral e frutos que emergem dos cladódios (em baixo).
Na Quinta de S. Francisco tanto o azevinho como o falso azevinho podem ser facilmente observados nesta altura, convidamo-lo a visitar-nos para saber mais sobre a riqueza botânica que aqui existe.
Um Bom Natal para todos!