O eucalipto arco-íris (Eucalyptus deglupta) é uma grande árvore das florestas equatoriais, podendo medir mais de 50 metros de altura. Pode ser encontrado naturalmente em povoamentos puros nas bacias hidrográficas das ilhas da Nova Bretanha, Nova Guiné, Celebes, Ceram e em Mindanau (na Papua-Nova Guiné, Indonésia e Filipinas, respectivamente). Possui casca lisa caduca, com múltiplas cores, folhas opostas e flores brancas em inflorescências terminais (que apresentam alguma similaridade com algumas espécies do género Corymbia). Conhecida como bagras (nas Filipinas), recebeu o epíteto específico deglupta (do latim degluptere) pela maneira como perde a casca ao longo do tronco, significando literalmente “descascar a pele”. Contudo é conhecida mundialmente como rainbow gum ou eucalipto arco-íris, nome perfeitamente justificável quando observamos as fantásticas cores exibidas pelo tronco.
Eucaliptos arco-íris plantados no Havai. (Crédito das fotos: Christopher Martin; Florestas.pt).
Tal como nas folhas outonais das árvores caducifólias, a casca nova deste eucalipto começa por ser verde (rica em clorofila e portanto contribuindo fotossinteticamente para a planta no competitivo ambiente equatorial). Com o passar do tempo, esta camada começa a morrer e a ser dominada por outros pigmentos acessórios e taninos, que providenciam a paleta de cores observada, até cair novamente e expor uma nova camada verde. A queda da casca dá-se por uma necessidade de renovação (expor a camada viva) e provavelmente para impedir a presença de lianas e outras plantas epífitas ao longo do tronco.
Outras espécies de eucaliptos como o E. globulus subsp. globulus, E. polyanthemos, E. pauciflora, E. pulchella, E. saligna, E. grandis entre outros podem ocasionalmente mostrar cores vivas pela mesma razão (envelhecimento da casca).
Eucalyptus globulus subsp. globulus e E. grandis, na Quinta de S. Francisco, mostrando cores similares ao Eucalipto arco-íris após a chuva.
Tal como outros eucaliptos, as folhas com ligeiro um suave cheiro a menta são usadas na medicina local e para extração de óleos essenciais. A madeira, por sua vez é usada em mobiliário, construção naval e para a produção de pasta de celulose. Combinando um crescimento extremamente rápido para uma espécie plantada comercialmente (45 m de altura em apenas 14 anos), aliado às boas qualidades da fibra para a indústria da pasta e do papel, têm permitido a expansão desta espécie para outros países com clima similar, como o Brasil, Malásia, Costa do Marfim, Gana, etc.
Este é uma das poucas espécies de eucaliptos não nativos na Austrália e a única espécie de eucalipto a cruzar naturalmente a linha do equador, mostrando que o género tem distribuição natural nos dois hemisférios. É plantado pela sua beleza em muitos jardins do Mundo, onde o clima permite o seu crescimento, inclusive na Austrália.
Esta espécie não é de fácil cultivo fora da faixa equatorial, onde prospera com temperaturas entre os 20-32°C e precipitação da ordem dos 2,500-3,500 mm. Em Portugal é ainda mais difícil de cultivar, uma vez que esta espécie morre abaixo dos 2°C, mas isso não quer dizer que não se possa tentar. Nenhum arboreto de eucaliptos estará verdadeiramente completo sem um Eucalipto arco-íris. Por isso, na Quinta de S. Francisco estamos a fazer esforços para ter muito em breve, um exemplar desta colorida espécie.
Independentemente da espécie que tenham como árvore de Natal, um Bom Natal para todos.