A trabalhar no RAIZ há 20 anos, Carlos Valente é biólogo e exerce funções na área de Investigação e Desenvolvimento em Proteção Florestal. A sua formação e vasto conhecimento são fundamentais para as funções que desempenha na área do controlo de pragas e doenças florestais.
A Tese de Doutoramento de Carlos Valente tem como tema o controlo biológico do gorgulho-do-eucalipto (cujo nome científico é Gonipterus platensis), um inseto desfolhador que afeta severamente a floresta de eucalipto ibérica. Sendo um inseto proveniente da Austrália, não tem em Portugal inimigos naturais que ajudem a controlar as suas populações.
Nesta tese estuda-se o impacte económico da praga em Portugal, o ganho económico que resultou da introdução de um inimigo natural australiano (chamado Anaphes nitens) e a possibilidade de serem usados outros insetos que ajudem a controlar a praga. Conclui-se que o gorgulho causou a perda de quase 650 milhões de euros de madeira a nível nacional nos últimos 20 anos. Contudo, as perdas seriam 4 a 11 vezes superiores se não se tivesse introduzido o inimigo natural australiano.
Na Austrália existem ainda outros inimigos naturais do gorgulho com potencial para serem usados em Portugal. Um desses insetos (Anaphes inexpectatus) foi estudado em condições de laboratório nesta tese, concluindo-se que a sua introdução na natureza é ambientalmente segura e que poderá contribuir para reduzir as populações da praga.
A tese deu já origem a três artigos científicos publicados em revistas internacionais, estando outro atualmente em fase de publicação.
